A vida de um homem é constituída por pilares, pilares de sustentação. Quando a vida começa, este pilares são firmes, fortes e alicerçam o caminho a ser seguido, nos protegendo do tempestuoso usufruto da vida. Durante o percurso, naturalmente novos pilares são formados, fortalecendo o caminhar em cada estágio do processo. Com o tempo, o desgaste dos pilares mais antigos se torna visível apesar da sustentação continuar imponente e inabalável mesmo que alguns dos pilares mais novos terão sido substituídos por conta das mudanças ocasionais que a vida proporciona.

Estes pilares, por fora, parecem apenas desgastados pelo tempo e não fazemos ideia do eventual estrago interior que debilita a sua existência mas nunca comprometendo a sustentação. Quanto mais se debilitam, mais energia é necessária para continuarem de pé e assim, vão se deteriorando a cada dia. Quando um destes pilares desmorona, uma parte de nós também vai a baixo, desestruturando toda a edificação construída ao longo dos anos. O mais trágico é que estes pilares são insubstituíveis e mesmo com a nossa consciência do seu desgaste, o que levará a uma queda iminente, desejamos mantê-lo ali, mesmo que não proporcione mais alguma sustentação, mas que a sua frágil existência permaneça, nos deixando felizes e confortáveis.

No domingo, perdemos um dos nossos pilares, o mais antigo o mais debilitado; ruiu. Este pilar (o da esquerda), era uma das principais edificações da família, a pedra fundamental. Mas de acordo com as regras gerais da vida, tinha que ir. Se foi, ruiu. E com ela, diversas edificações se abalaram e procuram agora a sustentação nos outros pilares, erguidos ao longo da vida. Estes, nos sustentarão até que outros pilares se deteriorem e nos venham a abalar novamente, até que sejamos nós, os pilares a abalar a sustentação de outros.

É um ciclo normal, que nunca acaba mas que deixa marcas na nossa existência, são marcas da vida. Todos somos marcados por ela mas também somos marcados pelo amor, pelo carinho e pela edificação da nossa personalidade, proporcionados pelos nossos pilares de sustentação. Pilares eternizados em nossos corações. Este, Maria Fernandes de Sousa, a Dona Neném, o nosso Pilar-mor, nos deixou no domingo 22 de Março de 2015. Onde estiver, estará ainda nos abençoando com as suas preces de sustentação, as mesmas das épocas de pilar.