Fui surpreendido com a triste notícia do naufrágio do VAGRANT, O iate que entre 1966 e 1972 foi propriedade dos Beatles e que estava atracado desde 10 Outubro de 1984 no cais da marina do Funchal como uma das principais atrações turísticas na ilha da Madeira, em Portugal. A famosa embarcação funcionou até 2011 como restaurante temático e bar com música ao vivo e estava decorado com fotografias dos Beatles e não resistiu as fortes ondulações registradas nas últimas semanas no arquipélago.

Construído em 1941 nos EUA para o multimilionário Hocare Vanderbilt, o Vagrant foi na época considerado um dos dez mais luxuosos do mundo. A aquisição pelos Beatles, em 1966, proporcionou maior notoriedade à embarcação, que teve ainda outros famosos proprietários, como o cantor inglês Donovan e o magnata grego Goulandris. O iate foi adquirido pelo empresário João Bartolomeu Faria na vizinha ilha de Gran Canária, onde estava encalhado na sequência de um acidente no dia de Natal de 1977. Reposto a flutuar, chegou à Madeira em 1979 e, três anos depois, originou o complexo de restauração com esplanada constituída por pequenas canoas.

Em Julho passado, o Vagrant tinha sido rebocado do Funchal para um porto de abrigo, onde aguardava a definição da zona de afundamento para ser transformado num recife artificial, acreditem! A remoção foi de forma coerciva, para que este aguardasse o desfecho de um longo e polêmico processo judicial entre o atual proprietário, o governo regional e autoridades marítimas. O governo madeirense alegou ser urgente avançar com as obras de construção do novo cais e de outros trabalhos, na sequência do temporal de Fevereiro de 2011.

Tive a oportunidade de visitar o Vagrant por diversas vezes na minhas deslocações a Madeira e entristece-me o fato de que a preservação do iate não interessou as autoridades portuguesas, já confinando-o ao afundamento. Visitando a marina do Funchal, era impossível não reparar na imponente embarcação e registrar o momento com fotografias e vídeos. Já degradado acabou por não resistir a um segundo temporal, restando apenas lembranças.