"Já não tenho dedos pra contar..."

Posted: terça-feira, 16 de dezembro de 2014 by Cláudio Canadá in Etiquetas: , , , , , , , ,
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Chegando de mais uma viagem por 21 dias a Portugal, este primeiro verso da música do "seu Lulu" vem facilmente a cabeça ao analisar o momento atual do Brasil. São tantas sucessões de mal-feitos nas mais diversas áreas e atividades que até seria, no mínimo, reconfortante poder contá-los nos dedos das mãos. E tudo isso não envolve apenas este ou aquele partido político não, está tudo tão generalizado que fica difícil tentar entender e procurar um determinado culpado para tanto desmando.

Escândalos do Mensalão, dos trens, dos aeroportos, dos super-faturamentos em obras em TODO o Brasil, o Petrolão, a compra da Pasadena, os desvios da Confederação Brasileira de Voleibol e mais umas tantas pérolas achadas dia após dia que só nos fazem acreditar que ainda há muito a ser descoberto e mais, muita gente a ser condenada a pagar caro pelos prejuízos causados ao país, se é que na verdade vão pagar alguma coisa.

Fora as citadas pérolas, no Ceará há a construção do polêmico Acquario, levando para tal, milhões de reais que poderiam ser utilizados de maneira mais sensível em benefício da população mais necessitada já que o estado possui o histórico de falta d'água e em pleno século 21, ainda com cidadãos e seus animais a morrerem de fome e sede. Vi na minha querida cidade de Russas que a Prefeitura substituiu os postes de iluminação da sua avenida principal por alguns mais bonitinhos enquanto há ruas com lâmpadas queimadas e outras sem postes ou com iluminação insuficiente.Valores completamente invertidos, prioridades equivocadas e governantes obcecados por maquiarem as cidades deixando de lado o ponto mais importante das suas gestões: o cidadão.

Chegando está o momento em que observamos a falência do agora instituto denominado "confiança"! Martela-se em nossos pensamentos a dúvida de, em quem acreditar, quando o assunto é gestão pública e principalmente na gestão do dinheiro público. O cidadão assiste a tudo no "conforto do lar", estático e descrente, como se estivesse sido acorrentado pelo seu próprio ato de confiança, de entregar com todo o seu fervor, o direito ao enriquecimento ilícito a certos indivíduos, outrora representantes fieis dos interesses coletivos com promessas de empenho para uma política ética e transparente.

A expressão da moda: Mobilidade Urbana

Posted: quinta-feira, 13 de março de 2014 by Cláudio Canadá in Etiquetas: , , ,
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Mobilidade Urbana, expressão muito utilizada nos últimos tempos que visa soluções e respectiva organização do trânsito entre veículos e pessoas. Têm-se falado muito no assunto e cada um tem uma opinião própria, na sua maioria sem base legal, apenas como críticos do sistema, o que já é alguma coisa. Criticamos quando divergimos das eventuais soluções apresentadas e principalmente quando sofremos com as mais diversas situações que envolvam esta tal mobilidade. Pois, esta questão da mobilidade, tem sido o grande mal das grandes metrópoles que a cada dia têm dezenas de novos automóveis lançados nas suas ruas complicando cada vez mais aquela tal história do direito de ir e vir.

Em Fortaleza o "complicômetro" é intensificado pela ação da política mas não se assustem, o Brasil funciona mesmo desta forma. Os gestores travam valentes batalhas para negociarem com a oposição as benfeitorias para as cidades. Entretanto, uma grande parcela da sociedade não apoia as intervenções propostas, alegando a não preparação de estudos que observem os impactos ambientais e a arquitetura das cidades ou apenas, não concordam e pronto. Este é o exemplo da capital cearense. Começou com a obra dos viadutos na Av. Eng.º Santana Júnior e agora acontece com a remoção da malograda Praça Portugal. Tenho a impressão de que, quem tem sido contra a nova intervenção da Prefeitura, não circula por aquela rotatória. Providências urgentes devem ser tomadas naquela área para o melhor fluxo de veículos e a gestão parece que encontrou a solução que também beneficiará ciclistas e pedestres.

Entretanto e apesar de concordar com estas obras de mobilidade que incluem também os binários das Avenidas Santos Dumont e Dom Luís, elaboradas através de estudos de uma empresa estrangeira especialista em Mobilidade Urbana, a minha solução imediata para a melhoria do sistema é o severo investimento em transporte público e nos seus terminais. Transporte coletivo de qualidade, com conforto e segurança priorizaria a sua utilização fazendo com que os cidadãos deixassem em casa os seus veículos. Investimentos nos trens suburbanos, metrôs e VLT's bem como nos ônibus, que devem ter um significativo aumento da frota, ar-condicionado, coletores de lixo e incremento nos terminais de integração, são soluções que causariam impacto positivo na população.

Não adianta a elaboração de binários, viadutos, túneis e faixas para ciclistas se não houver incentivos no transporte público que visem a retirada dos carros das ruas. Já que temos o hábito de imitar o que é elaborado em outros países, imitemos também o quesito qualidade no transporte e ofereçamos-o ao cidadão. E digo mais, há muita coisa boa a ser imitada mas como estamos falando do assunto do momento, a Mobilidade Urbana, sigamos o exemplo estrangeiro, que não discrimina classes sociais no transporte coletivo. Todos são cidadãos e estes, abusam na utilização do transporte público com qualidade e fácil acesso. O cidadão agradece.

Morrer jovem, por Jason Stone

Posted: quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014 by Cláudio Canadá in Etiquetas: , , , ,
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Morrer jovem é muito esquisito. É de uma ironia sem graça. De um espanto em que não cabem argumentos. Morrer jovem é muito estranho. Mesmo porque juventude é coisa relativa, num mundo em que Einstein já não está aqui para explicar. Morrer jovem é como interromper uma música. É como cortar um filme ao meio, rasgar as páginas de um livro pra não se saber o final. É roubar de cena um ator em seu momento mais fantástico, em seu grande ato, sua cena mais brilhante. Porque morrer jovem é injusto. Injusto com as leis da natureza. Injusto com os que partem. Muito mais injusto com os que ficam. Pois saudade é morte lenta, passo-a-passo, emudecida, olhos cerrados, quase sem respirar.
Quem morre jovem não tem o que dizer. Vai calado, sem dizer palavra, num silêncio intrigante. Não tem quase história pra contar, não tem quase passado, não terá futuro. Quem morre jovem, seja qual for a forma, tem morte súbita. Porque é de repente se morrer jovem. Fica aquela sensação de poder ter feito mais. Poder ter dito mais. Aquela frustração de quem perdeu o jogo de sua vida. Morrer jovem é contabilizar ao contrário. É descontar, é subtrair somente. É contar os abraços que deixou de abraçar, os beijos que não deu, as obras que não realizou, os sonhos que não viveu, a formatura que não aconteceu, o carro que queria e não veio, a namorada que amava demais da conta e que não deu conta de que você se foi.
Morrer jovem é mais triste, porque a velhice é o que se espera e a juventude apenas vai acontecendo e a gente sempre se achando bem, se sentindo forte, audaz, capaz, feliz. Quando se morre jovem, se desdiz tudo o que tinha de haver. É a contramão da história. A volta de uma viagem que nem sequer chegou a existir. Morrer jovem é não ter tempo. Não conseguir conhecer a beleza, não dar satisfação, não explicar, não dar até logo, ir direto ao adeus. Morrer jovem é mal educado, é nem pedir licença para levantar e sair. Morrer jovem é não aparecer no compromisso, é marcar a reunião e não ir. É fazer todo mundo de bobo. Dar um drible nos amigos, nos parentes, no cachorro. Morrer jovem é faltar a tudo que estava na agenda e se perdeu no ar. Morrer jovem é deixar para trás. É uma ida sem volta. Uma deslealdade. É ir a uma guerra e nunca mais voltar. É esperar por quem não vem.
Morrer jovem é uma traição da vida em conluio com a morte. É uma armação para desesperar mães. É um desafio. Um fustigo.
Morrer jovem é um deboche abominável.

Diário de um Cearense na Suíça

Posted: quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014 by Cláudio Canadá in
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Meus amigos, está frio na Europa, muito frio. Tenho conversado com diversos amigos que não param de reclamar das baixas temperaturas. Vivi por 13 anos por aquelas bandas e me dei muito bem com o frio, o que faz os meus conterrâneos me perguntarem quase todos os dias o porquê do meu regresso. Foram muitos os motivos mas, ao lembrar de um deles, veio a cabeça uma aventura de um cearense que teve a oportunidade de viver esta experiência enriquecedora. Uma resposta para quem só reclama do calor que castiga o estado… Acompanhe, com a devida interpretação do Ceará:
12 Agosto - Hoje me mudei para minha nova casa na Suíça. Um chalé pai-d’égua nos Alpes. Muito sossegado! Tudo muito bUnito e nada de zuada. Os Alpes são muito massa, Guaramiranga perde é fêi! Quase que não posso esperar para vê-los cobertos de neve. Que bom haver deixado para trás o calor, a umidade, o tráfego, a violência, a poluição e aquele povo fêi e mal educado da capital cearense. Isto sim é que é vida!
14 Outubro - A Suíça é o lugar mais bUnito que já vi na minha vida. As folhas passaram por todos os tons de cor entre o vermelho e o amarelo. Só assim a gente lembra que existem quatro estações. Saímos para passear pelos bosques e, pela primeira vez, vi um cervo. São tão ágeis, tão elegantes, é um dos animais mais vistosos que jamais vi. Suíça é mesmo um paraíso. E pensar que sofri tanto tempo naquele inferno que é o Ceará…
11 Novembro - Logo começará a temporada de caça aos cervos. Não acredito como a negrada daqui tem coragem de matar o bichim. O clima já tá bem fri-im e praticamente já chegou o inverno. Tomara que neve logo. Isto sim é que é vida!
2 Dezembro - Ontem à noite nevou. Pense! Me levantei e encontrei tudo coberto de uma camada branca. Parece um cartão postal… Estava tão satisfeito que rolei nela e logo tive uma batalha de neve com os vizinhos. Sapequei uma bola de neve no pé da urêa dum e ganhei! Muito bUnita a neve! Parecem bolas de algodão espalhadas por todos os lados. Lugar bUnito! Suíça sim é que é vida.
12 Dezembro - Ontem à noite voltou a nevar. Massa! Saí novamente para tirar a neve dos degraus e a passar a pá na entrada e, quando a niveladora de neve passou na rua, tive que voltar a passar a pá para tirar a neve…
19 Dezembro - Ontem voltou a nevar. Saí de casa para tirar a neve e a niveladora voltou a sujar a entrada, mas bom… que vamos fazer? De toda maneira, são os ossos do ofício de quem mora num cartão postal.
22 Dezembro - Ontem à noite nevou muito, outra vez. Não pude limpar a entrada por completo porque, antes que acabasse, já haviam passado a niveladora; assim, hoje, não pude ir ao trabalho. Estou um pouco cansado de passar a pá nessa neve. Droga de niveladora! Mas, que vida!? Isso não acaba não?
25 Dezembro - Feliz Natal… Aqui não para de cair esta merda de neve. Parece bosta de vaca branca. Já tô com as mãos cheias de calos por causa da pá. Acho que a niveladora me vigia da esquina e espera que eu acabe de tirar a neve com a pá, para então passar. Vai pra puta que pariu, niveladora!!!! Se pego o fi-duma-égua que dirige essa niveladora, juro que o mato!
27 Dezembro - Ontem à noite caiu mais essa merda branca. Já são três dias direto que não saio. Não faço mais nada, senão passar a pá nessa porra de neve, depois que passa a bosta da niveladora. Não posso ir pra canto nIum. O carro está enterrado debaixo de uma montanha de merda branca. Não entendo porque não usam mais sal nas ruas, para que se derreta mais rápido essa fuleraige de gelo. O noticiário disse que esta noite vai cair mais 20 centímetros desta merda. Não acredito, não! Pense!
31 Dezembro - O abestado do noticiário se equivocou outra vez. Não foram 20 centímetros de neve… caiu quase 1 metro dessa porra! Ninguém pôde sair para comemorar o ano novo. Agora, resulta que a niveladora quebrou perto daqui, e o filho da puta do motorista veio me pedir uma pá emprestada. Ah, macho descarado! Disse a ele que já tinha quebrado 6 pás limpando a merda que ele me havia deixado diariamente. Quase quebrei a pá na cabeça dele. Arre Éééguaaa, isso é uma bosta!
4 Janeiro - Por fim, hoje consegui sair de casa para ir ao mercantil. No caminho, fui desviar de um cervo que se meteu na frente do carro, e bati numa árvore. Taquepariu, mah! O conserto do carro vai me sair por uns três mil francos suíços. Esses veados deviam ser envenenados. Era pros caçadores terem matado esses bichos tudim no ano passado. A temporada de caça deveria durar o ano todo!
15 Março - Escorreguei no gelo que ainda há neste lugar e quebrei uma perna. Ontem à noite sonhei estar em Canoa Quebrada, no Mucuripe vendo as jangadas, Praia do Futuro, etc, etc e etc, comendo caranguejo e tomando uma cerva gelada debaixo daquele sol, me refrescando na brisa e mergulhando no mar, ao som de um forró bem tocado. Quero vender esta casa para sair já desta chibata!
22 Abril - Quando me tiraram o gesso, levei o carro ao mecânico. Ele disse que o conserto ia ficar o dobro, pois o assoalho estava todo enferrujado, culpa do sal que jogaram nas ruas para derreter a merda branca. Será que esses baitingas não têm outra forma de derreter o gelo?
3 Maio - Hoje consegui vender a casa para um corno de um suíço. Graças a Deus poderei sair deste fim de mundo frio e solitário. Amanhã volto para o meu Ceará. Muito calor, tráfego, poluição, comer panelada, buchada, sarrabui, mas acima de tudo vou ver o sol, coqueiros, calangos correndo felizes pelos muros, terra de gente boa e hospitaleira. Aquilo sim é que é vida! Taquepariu mah, estou de volta! Nem acredito! Eu tenho orgulho de ser um cearense de cabeça chata, confesso e não me engano! TE AMO, CEARÁ!
Bela lição de vida, hein?

Félix, a boa bicha má

Posted: segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014 by Cláudio Canadá in Etiquetas: , , , ,
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Foi o assunto do fim de semana, aliás foi o assunto dos últimos meses no Brasil; mesmo sendo má, a personagem da trama da Rede Globo interpretada por Mateus Solano conquistou até alguns que não gostam de novelas. Félix fez tanto sucesso que vai deixar saudades também pelos indelicados e curtidos memes nas redes sociais, é verdade. Mas o que eu quero aqui registar é a minha indignação sobre a tentativa da Globo de transformar o beijo entre Félix e Niko, a maior evolução da TV brasileira dos últimos tempos. Evolução?

Sinceramente, acho que até eu mesmo pensei como a Globo, que se instalaria uma grande polêmica o fato de dois homens se beijarem na televisão em horário nobre. Enganei-me e ainda bem! Sim, finalmente aconteceu o temido beijo gay na televisão, previsto por inúmeros defensores da moral e bons costumes na sociedade mas o país não entrou em colapso, não houve um tsunami social também previsto pelos moralistas, uma decepção para o Marketing das audiências da Globo. Os desejos de um banho de audiência através da polêmica de um beijo gay tornou-se um grande flop, uma fracassada tentativa de polemizar o assunto que na verdade, não deu muito o que  falar.

Nas redes sociais o que se viu, foram manifestações de apoio ao casal e exaltando principalmente, a imagem final da trama, a reconciliação de Félix com o seu pai, de mãos dadas, declarando amor um ao outro, algo impensável para quem acompanhou aqueles intensos capítulos de "Amor a vida" desde o início. Este sim, foi o assunto mais comentado e partilhado entre os internautas apesar da Globo continuar a apostar na pseudo-polêmica do beijo. Até nesta segunda-feira, os sites da Globo continuavam postando assuntos relativos ao ato, ainda tentando causar alguma polêmica e os seus "marketeiros" ainda não se deram conta que o povo não está nem aí para o assunto.

Já que estamos falando da novela e desta eventual perfídia social trabalhada para as audiências, faz-me confusão alguns afirmarem que a cena do beijo gay seria uma imoralidade que deveria ser censurada para que as nossas crianças não vissem tamanha aberração. Engraçado... As cenas de violência (Aline esfaqueando Ninho), de traições (César e Aline) e maldade extrema (Félix roubando e abandonando um bebê numa caçamba de lixo) são permitidas. Estas, as nossas crianças podem ver sem reservas, sem censura e sem pudor.

Sociedade hipócrita, essa a nossa... Criança pode ver tudo exceto uma troca de carinho entre dois homens. Francamente, relacionamentos gay é o que mais se vêem por aí, no dia-a-dia, na vida real. Criança se habitua facilmente a esta situação principalmente onde há amor envolvido. O que na verdade devemos nos preocupar é com a educação dessas crianças, com a saúde, com a prevenção contra os crimes, com as drogas, com a violência e principalmente, ensiná-las o respeito ao próximo, independente do status social, cor, crença e preferência sexual. Ensinem o amor as crianças e não as façam de idiotas!

Roma não é mais a mesma...

Posted: quarta-feira, 29 de janeiro de 2014 by Cláudio Canadá in Etiquetas: , , , , ,
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Após uma breve leitura de um artigo publicado pelo "O Globo", admirei-me com semelhança de uma das mais emblemáticas cidades europeias com a minha querida Fortaleza. A publicação nos fala de "Roma, de cidade eterna a reino do caos" e ainda, delimita o assunto com a seguinte frase: Capital italiana, centro de turismo mundial, sucumbe à desordem viária, à abundância de lixo e à crescente insegurança. Confesso que senti-me em casa com tanta semelhança com a capital cearense. Tive a oportunidade de visitar por várias vezes a capital italiana, museu a céu aberto e encantadora arquitetura que nos remete a uma viagem história que nos faz sonhar com olhos abertos.

Entretanto, o texto da jornalista Elizabetta Piqué, correspondente do periódico "La Nacion" e que cita pesquisas do "Corriere della Sera", atenta para a atual realidade romana: sujeira, caos e insegurança. Mas, para melhor observarmos as semelhanças entre Roma e Fortaleza, é necessário citar alguns trechos da publicação:

1. Na Cidade Eterna, onde há mais de 600 manifestações a cada ano, o transporte público é pouco confiável, e o trânsito, infernal e até perigoso. As ruas estão tão mal mantidas que há buracos e valas negras, muitas vezes tapados de qualquer jeito, para que ninguém reclame. Há alguns dias em uma pitoresca rua de paralelepípedos que leva à esplêndida praça do Campo dei Fiori, os moradores tiveram que improvisar um arranjo e colocar um latão de lixo encostado sobre um buraco para impedir que um transeunte distraído quebre a perna.

2. A limpeza da cidade é outra assinatura pendente: embora a toda hora se veja caminhões dando voltas no centro histórico, as pilhas de resíduos ao lado de fontes e demais monumentos estão na ordem do dia. Fiel ao reflexo do descalabro do sistema de coleta foi uma foto tirada poucos dias depois do último Natal na periferia da cidade, em que era possível ver porcos deitados ao lado de sacos de lixo empilhados junto aos caminhões.

3. Segundo um estudo da prestigiosa universidade romana de La Sapienza, a cidade - que conta com quase 3 milhões de habitantes e 5 milhões se forem contados também os da região metropolitana - está na 101ª posição das 110 cidades mais seguras da península, atrás inclusive de Nápoles, capital da Camorra.

4. Com relação ao trânsito dantesco de Roma, o “Corriere della Sera” indicou que, em 2012, morreram atropelados 56 pedestres (contra 24 em Milão e nove em Nápoles). A capital é a cidade com mais automóveis na Itália. São 67 veículos para cada cem residentes, enquanto em Paris são 45, e em Londres, 32. Calcula-se que 20% da superfície urbana de Roma esteja coberta de veículos.

5. O descontrole se deve a um desenvolvimento urbano insensato, com bairros periféricos que cresceram sem critério e de forma abusiva ao redor de ruas insuficientes e um transporte público à deriva. Basta dizer que o sistema de metrô de Roma, com apenas 37 quilômetros, é uma sexta parte do de Paris, e menos de um décimo do de Londres.

6. Com tantos veículos em uma estrutura urbana não apta para o trânsito veicular, a confusão é inexorável, e também são os acidentes. Em 2012, foram contabilizados 43 acidentes por dia, com um total de 15.782. E muitos mortos: 154 em Roma, contra 61 em Milão e 34 em Nápoles.

7. De quem é a culpa? Tanto dos seus próprios habitantes, sem sentido cívico e desacostumados ao respeito às regras, como da classe dirigente, que a administrou nos últimos anos e “privilegiou os interesses privados aos coletivos” de acordo com o jornal.

Com estas bizarras coincidências poderemos pensar que a falta de civismo e ética social estarão em extinção na Europa? Sim, extinção. É que, por estas bandas de cá, nunca existiu mesmo...