Retornei das férias em Fortaleza. Vivendo há 12 anos em Portugal, acreditem, foi a primeira vez que me doeu deixar a terrinha e voltar para Lisboa. Gosto de Portugal, da cultura, da culinária... conquistaram-me, o que não é difícil. Mas foi um choque grotesco a diferença de espírito ao aterrar de volta às terras de Camões.

Vindo de um ambiente festivo, calor, povo alegre e feliz, saio do aeroporto da Portela e apanho um táxi para ir buscar o "Dr. Craudo" quando começo a ouvir um lamentar inglório do motorista: "Ai que isto está muito mau... ai que assim não vai dar... ai que a culpa é do Sócrates (para quem não sabe, o Primeiro Ministro português)".

Pensei: Valha-me Deus! Onde vim amarrar o meu burro? Que gente derrotista... tristeza. Só fez aumentar o aperto no coração por deixar o Brasil. Sinceramente, com esta forma de viver, só podem mesmo é cair pelo abismo abaixo. Só sabem culpar os outros e baixam os braços a espera de quem venham fazer algo por eles.

Por isso vos digo: façam como o irmão pobre (brasileiro) e trabalhem! Construam a própria sorte, os seus destinos. Resmungar e cruzar os braços nunca trouxe benefícios a ninguém. Mas a fé, o trabalho e a alegria em viver, sim! Deve ser por isso que este país maravilhoso está afundado na crise económica e social onde a maioria das pessoas só pensa em subsídios e vantagens sociais. A desgraça de um país é a própria inércia da sociedade. Conselho? Espelhem-se no Brasil pelo menos na forma de ver a vida pois esta passa e o tempo não volta atrás.