O Silva das vacas, por Luis Manuel Cunha
Posted: sábado, 29 de outubro de 2011 by Cláudio Canadá in'Algumas das reminiscências da minha escola primária têm a ver com vacas. Porque a D.ª Albertina, a professora, uma mulher escalavrada e seca, mais mirrada que uva-passa, tinha um inexplicável fascínio por vacas. Primavera e vacas. De forma que, ora mandava fazer redacções sobre a primavera, ora se fixava na temática da vaca. A vaca era, assim, um assunto predilecto e de desenvolvimento obrigatório, o que, pela sua recorrência, se tornava insuportavelmente repetitivo. Um dia, o Zeca da Maria "gorda", farto de escrever que a vaca era um mamífero vertebrado, quadrúpede ruminante e muito amigo do homem a quem ajudava no trabalho e a quem fornecia leite e carne, blá, blá, blá, decidiu, num verdadeiro impulso de rebelião criativa, explicar a coisa de outra forma. E, se bem me lembro ainda, escreveu mais ou menos isto:
"A vaca, tal como alguns homens, tem quatro patas, duas à frente, duas atrás, duas à direita e duas à esquerda. A vaca é um animal cercado de pêlos por todos os lados, ao contrário da península que só não é cercada por um. O rabo da vaca não lhe serve para extrair o leite, mas para enxotar as moscas e espalhar a bosta. Na cabeça, a vaca tem dois cornos pequenos e lá dentro tem mioleira, que o meu pai diz que faz muito bem à inteligência e, por não comer mioleira, é que o padre é burro como um tamanco. Diz o meu pai e eu concordo, porque, na doutrina, me obriga a saber umas merdas de que não percebo nada como as bem-aventuranças.
A vaca dá leite por fora e carne por dentro, embora agora as vacas já não façam tanta falta, porque foi descoberto o leite em pó. A vaca é um animal triste todo o ano, excepto no dia em que vai ao boi, disse-me o pai do Valdemar "pauzinho", que é dono do boi onde vão todas as vacas da freguesia. Um dia perguntei ao meu pai o que era isso da vaca ir ao boi e levei logo um estalo no focinho. O meu pai também diz que a mulher do regedor é uma vaca e eu também não entendi. Mas, escarmentado, já nem lhe perguntei se ela também ia ao boi."
Foi assim. Escusado será dizer que a D.ª Albertina, pouco dada a brincadeiras criativas, afinfou no pobre do Zeca um enxerto de porrada a sério. Mas acabou definitivamente com a vaca como tema de redacção. Recordei-me desta história da D.ª Albertina e da vaca do Zeca da Maria "gorda", ao ler que Cavaco Silva, presidente da República desta vacaria indígena, em visita oficial ao Açores, saiu-se a certa altura com esta pérola vacum:
"Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Este homem, que se deixou rodear, no governo, pelo que viria a ser a maior corja de gatunos que Portugal politicamente produziu; este homem, inculto e ignorante, cuja cabeça é comparada metaforicamente ao sexo dos anjos; este político manhoso que sentiu necessidade de afirmar publicamente que tem de nascer duas vezes quem seja mais honesto que ele; este "cagarola" que foi humilhado por João Jardim e ficou calado; este homem que, desgraçadamente, foi eleito presidente da República de Portugal, no momento em que a miséria e a fome grassam pelo país, em que o desemprego se torna incontrolável, em que os pobres são miseravelmente espoliados a cada dia que passa, este homem, dizia, não tem mais nada para nos mostrar senão o fascínio pelo "sorriso das vacas", satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante"! Satisfeitíssimas, as vacas?! Logo agora, em tempos de inseminação artificial, em que as desgraçadas já nem sequer dispõem da felicidade de "ir ao boi", ao menos uma vez cada ano!
Noticiava há dias o Expresso que, há mais ou menos um ano e aquando de uma visita a uma exploração agrícola no âmbito do Roteiro da Juventude, Cavaco se confessou "surpreendidíssimo por ver que as vacas, umas atrás das outras, se encostavam ao robô e se sentiam deliciadas enquanto ele, durante seis ou sete minutos, realizava a ordenha"! Como se fosse possível alguma vaca poder sentir-se deliciada ao passar seis ou sete minutos com um robô a espremer-lhe as tetas!!
Não sei se o fascínio de Cavaco por vacas terá ou não uma explicação freudiana. É possível. Porque este homem deve julgar-se o capataz de uma imensa vacaria, metáfora de um país chamado Portugal, onde há meia-dúzia de "vacas sagradas", essas sim com direito a atendimento personalizado pelo "boi", enquanto as outras são inexoravelmente "ordenhadas"! Sugadas sem piedade, até que das tetas não escorra mais nada e delas não reste senão peles penduradas, mirradas e sem proveito.
A este "Américo Tomás do século XXI" chamou um dia João Jardim, o "sr. Silva". Depreciativamente, conforme entendimento generalizado. Creio que não. Porque este homem deveria ser simplesmente "o Silva". O Silva das vacas. Presidente da República de Portugal. Desgraçadamente.'
Luís Manuel Cunha in Jornal de Barcelos de 05 de Outubro de 2011.
Tentativa de ultrapassar a crise
Posted: terça-feira, 25 de outubro de 2011 by Cláudio Canadá inCom esta crise acimentada na sociedade e consecutivamente na cabeça de cada um, surgem ideias para ultrapassar o problema de maneira fácil e célere. Este artigo foi publicado há alguns meses numa edição do Financial Times (o maior jornal sobre economia do mundo) quando uma jovem mulher enviou um e-mail para o jornal a pedir dicas sobre "como arranjar um marido rico". Contudo, mais inacreditável que o "pedido" desta jovem, foi a resposta do editor do jornal que, muito inspirado, respondeu à mensagem, de forma muito bem fundamentada.
E-mail da jovem:
"Sou uma garota linda (maravilhosamente linda) de 25 anos. Sou bem articulada e tenho classe. Quero casar-me com alguém que ganhe no mínimo meio milhão de dólares por ano. Há algum homem que ganhe 500 mil ou mais neste jornal, ou alguma mulher casada com alguém que ganhe isso e que possa me dar algumas dicas?
Já namorei homens que ganham por volta de 200 a 250 mil, mas não consigo passar disso. E 250 mil por ano não me vão permitir morar em Central Park West.
Conheço uma mulher (do meu grupo de ioga) que casou com um banqueiro e vive em Tribeca! E ela não é tão bonita quanto eu, nem é inteligente. Então, o que é que ela fez que eu não fiz? Qual a estratégia correcta? Como chego ao nível dela?"
(Raphaella S.)
Resposta do editor do jornal:
"Li a sua consulta com grande interesse, pensei cuidadosamente no seu caso e fiz uma análise da situação. Primeiramente, eu ganho mais de 500 mil por ano. Portanto, não estou a tomar o seu tempo à toa... Posto isto, considero os factos da seguinte forma: Visto da perspectiva de um homem como eu (que tenho os requisitos que procura), o que oferece é simplesmente um péssimo negócio.
Eis o porquê: deixando o convencionalismo de lado, o que sugere é uma negociação simples, proposta clara, sem entrelinhas: Você entra com a beleza física e eu entro com o dinheiro. Mas há um problema:
Com toda a certeza, com o tempo a sua beleza vai diminuir e um dia acabar, ao contrário do meu dinheiro que, com o tempo, continuará a aumentar. Assim, em termos económicos, você é um activo que sofre depreciação e eu sou um activo que rende dividendos. Você não somente sofre depreciação, mas sofre uma depreciação progressiva, ou seja, sempre a aumentar!
Explicando, você tem 25 anos hoje e deve continuar linda pelos próximos 5 ou 10 anos, mas sempre um pouco menos a cada ano. E no futuro, quando se comparar com uma fotografia de hoje, verá que se transformou num caco.
Isto é, hoje você está em 'alta', na época ideal de ser vendida, mas não de ser comprada. Usando a terminologia de Wall Street, quem a tiver hoje deve mantê-la como 'trading position' (posição para comercializar) e não como 'buy and hold' (comprar e manter), que é para o que você se oferece...
Portanto, ainda em termos comerciais, casar (que é um 'buy and hold') consigo não é um bom negócio a médio/longo prazo! Mas alugá-la, sim! Assim, em termos sociais, um negócio razoável a ponderar é, namorar.
Sem ponderar... mas, já a ponderar e, para me certificar do quão 'articulada, com classe e maravilhosamente linda' você é, eu, na condição de provável futuro locatário dessa 'máquina', quero tão-somente fazer o que é de praxe: fazer um 'test drive' antes de fechar o negócio... podemos marcar?"
(Philip Stephens, associate editor of the Financial Times - USA)
O sucesso
Posted: domingo, 23 de outubro de 2011 by Cláudio Canadá in"Rir muito e com frequência; ganhar o respeito de pessoas inteligentes e o afecto das crianças; merecer a consideração de críticos honestos e suportar a traição de falsos amigos; apreciar a beleza, encontrar o melhor nos outros; deixar o mundo um pouco melhor, seja por uma saudável criança, um canteiro de jardim ou uma redimida condição social; saber que ao menos uma vida respirou mais fácil porque você viveu; isto é ter tido sucesso!"
Finalmente, Senhor Presidente
Posted: quinta-feira, 20 de outubro de 2011 by Cláudio Canadá inLi e ouvi ontem que o Presidente Cavaco Silva conseguiu se manifestar a respeito da austeridade imposta pelo novo governo. Há vários dias eu cobrava uma atitude do Sr. Presidente pois o abuso à boa fé do cidadão já estava a passar dos limites. A verdade é que este assunto é bastante indigesto para Cavaco Silva já que pertence ao partido do Governo. Mas para estes casos, o bom senso deve prevalecer e já era hora de um manifesto responsável por parte de um Presidente da República.
Ultrapasamos os cem dias de governação PSD em Portugal e não motivos para comemorações. Entretanto, isto aqui é apenas um resumo do meu pensamento já que coisas graves no país que não vale a penas citar em apenas um post.
O mais importante citar é que o cidadão comum está mesmo à rasca, como por exemplo os reformados e pensionistas, que não sendo ex-ministros ou gestores públicos, terão ainda mais dificuldades de sobreviver a carga pesada imposta por este governo. Portugal, país das adversidades, das chorudas reformas políticas e da falta de vergonha dos muitos políticos existentes num país tão pequeno. E quando falo em políticos, não são apenas aqueles deputados, ministros e Presidentes de Câmaras, há também os "grande gestores" apadrinhados pelos favores das cunhas que imperam neste país.
Manual de um Advogado
Posted: quarta-feira, 19 de outubro de 2011 by Cláudio Canadá inRetornando de uns merecidos dias de descanso, deparo-me com mais austeridade em Portugal anunciada pelo governo... Não há mais por onde apertar o cinto. A verdade é que há ainda muita gente a viver bem, e com sobras. Entretanto, conheço grandes profissionais e colegas que também estão preocupados. Para quem pensa que todo Advogado é trafulha e vive nadando em dinheiro, segue aqui um pequeno manual para o perfeito entendimento da profissão:
Manual básico de como utilizar os serviços de um advogado:
1º O ADVOGADO dorme.
Pode parecer mentira, mas ADVOGADO precisa dormir como qualquer outra pessoa. Não o acorde sem necessidade! Esqueça que ele tem telefone em casa, ligue para o escritório.
2º O ADVOGADO come.
Parece inacreditável, mas é verdade... O ADVOGADO também precisa de comer, e tem horas próprias para isso.
3º - O ADVOGADO pode ter família.
Essa é a mais incrível de todas: mesmo sendo um ADVOGADO, a pessoa precisa descansar no final de semana para poder dar atenção à família, aos amigos e a si próprio, sem pensar ou falar sobre processos, audiências, etc.
4º - O ADVOGADO, como qualquer cidadão, precisa de dinheiro.
Por esta vocês não esperavam, não é? É surpreendente, mas ADVOGADO também paga impostos, compra comida, precisa de combustível, roupas e sapatos, consome XANAX para conseguir relaxar, etc. E o fundamental: pode parecer bizarro, mas os livros para actualização profissional, os cursos, o operacional do escritório e a administração disso tudo não acontecem de forma grátis. Impressionante, não? Entenderam agora o motivo dele cobrar uma consulta?
5º - Ler, estudar, é trabalho.
É trabalho sério... Pode parar de rir... Não é uma piadola…
6º - Não é possível examinar processos pelo telefone.
Preciso comentar?
7º - O ADVOGADO não é a Maya ou Mãe Dinah, não joga tarôt e nem tem bola de cristal.
Ele precisa de examinar os processos muitas vezes para maturá-los e poder superar as expectativas do cliente.
Se quiser um milagre, tente uma macumba ligue ao professor Fofana, ao Bambo e deixe o pobre do ADVOGADO em paz.
Por enquanto, são estas as primeiras considerações do referido manual. Cá pra mim, o texto (que não é meu) terá uma continuação pois o jovem autodidacta está preocupado com a fama em que os Advogados estão associados. Sim assim for, esta virá, complementando o post.
Professores no Brasil...
Posted: quarta-feira, 5 de outubro de 2011 by Cláudio Canadá inAinda no seguimento do post anterior, verificamos que a profissão de professor está cada vez mais em baixo, não por causa do empenho e qualidade dos docentes mas sim, pelo próprio sistema, onde a sociedade valoriza o excesso de mediocridade actual. Vejamos:
Ronaldinho Gaúcho: R$ 1.400.000,00 por mês. Pelo que me consta, foi "Homenageado pela Academia Brasileira de Letras"... (?)
Deputado Tiririca: R$ 39.900,00 por mês, fora mordomias; segundo apurei, ele é "Membro da Comissão de Educação e Cultura do Congresso"... (?)
Piso Nacional dos professores: R$ 1.187,00... (?)
Para se ter uma ideia, observemos o absurdo no Rio de Janeiro (que não é diferente no resto do Brasil):
BOPE R$ 2.260,00...................... para Arriscar a vida;
Bombeiro R$ 960,00................... para Salvar vidas;
Professor R$ 728,00.................... para Preparar para a vida;
Médico R$ 1.260,00.................... para Manter a vida;
E o Deputado Federal? Ganha R$ 39.900,00 brutos para que mesmo?
Traduzindo para o português, o salário do Senhor Deputado (um palhaço lá do Ceará), paga só 30 professores... e para aqueles que pensam que educação não é importante, contratem o Tiririca para dar aulas para o seu filho, afinal, licenciatura, pós-graduação, mestrado e doutorado servem para nada.
Moral da História:
Os professores ganham pouco, porque só servem para nos ensinar coisas inúteis como ler, escrever e pensar.
Sugestão:
Mudar a grade curricular das escolas, que passaria a ter as seguintes matérias:
- Educação Física: Futebol, Luta livre;
- Música: Sertaneja, Pagode, Axé e afins;
- História: Grandes Personagens da Corrupção Brasileira, Biografia dos Heróis do Big Brother, Evolução do Pensamento das "Celebridades";
- História da Arte: De Carla Perez a Faustão;
- Matemática: Multiplicação Fraudulenta do Dinheiro de Campanha, Cálculo Percentual de Comissões e Propinas;
- Português e Literatura: ??? Para quê???;
- Biologia, Física e Química: Excluídas por excesso de complexidade.
Isso é Brasil mas não se iludam, Portugal não fica muito longe disso...
Professores e educadores ímpares
Posted: segunda-feira, 3 de outubro de 2011 by Cláudio Canadá inAntes de tentar enganar um professor, observe estas duas considerações:
1ª. Num liceu no Porto estava a acontecer uma coisa muito fora do comum. Um "bando" de miúdas de 12 anos andava a pôr batom nos lábios, todos os dias, e para remover o excesso, beijavam o espelho da casa de banho. A Direcção andava bastante preocupada, porque a funcionária da limpeza tinha um trabalho enorme para limpar o espelho ao fim do dia e no dia seguinte lá estavam outra vez as marcas de batom. Um dia, um professor juntou as miúdas e a funcionária na casa de banho e explicou que era muito complicado limpar o espelho com todas aquelas marcas que elas faziam e, para demonstrar a dificuldade, pediu à empregada para mostrar como é que ela fazia para limpar o espelho. A empregada pegou numa "esfregona", molhou-a na sanita e passou-a repetidamente no espelho até as marcas desaparecerem. Nunca mais houve marcas no espelho...Há professores e educadores...
2ª. Numa dada noite, três estudantes universitários beberam até altas horas e não estudaram para o teste do dia seguinte. Na manhã seguinte, desenharam um plano para se safarem. Sujaram-se da pior maneira possível, com cinza, areia e lixo. Então, foram ter com o professor da cadeira e disseram que tinham ido a um casamento na noite anterior e no seu regresso um pneu do carro que conduziam rebentou. Tiveram que empurrar o carro todo o caminho e portanto não estavam em condições de fazer aquele teste. O professor, que era uma pessoa justa, disse-lhes que fariam um teste-substituição dentro de três dias, e que para esse não havia desculpas. Eles afirmaram que isso não seria problema e que estariam preparados. No terceiro dia, apresentaram-se para o teste e o professor disse-lhes com ar compenetrado que, como aquele era um teste sob condições especiais, os três teriam que o fazer em salas diferentes. Os três, dado que tinham estudado bem e estavam preparados, concordaram de imediato. O teste tinha 6 perguntas e a cotação de 20 valores:
Q. 1. Escreva o seu nome:___ (0.5 valores)
Q. 2. Escreva o nome da noiva e do noivo do casamento a que foste há quatro dias atrás:___ (5 valores)
Q. 3. Que tipo de carro conduziam cujo pneu rebentou?___(5 valores)
Q. 4. Qual das 4 rodas rebentou?___(5 valores)
Q. 5. Qual era a marca da roda que rebentou?___(2 valores)
Q. 6. Quem ia a conduzir?___(2.5 valores)
Assim, muito cuidado quando tentares lixar um professor... Boa semana a todos!