No domingo passado estive a fazer companhia a minha querida mãe nas suas aventuras pelos canais de TV. Há poucas opções nos canais abertos eu sei, mas fazer companhia a nossa mãe é sempre algo prazeroso, independente do que acontece "externamente". Porém, foi meio que traumatizante observar os pratos principais dos programas, oferecidos por estes canais alienantes e que ratificam as suspeitas das culpas da ignorância do povo brasileiro, mostrando o quão grande é a decadência da TV dominical no Brasil.

 

Deu para assistir a Ana Hickman na Record com a sua apelação no caso do humorista Shaolin, completamente sem noção da realidade daquele cidadão, como artista e ser humano. No zaping, não aguentei ver sequer 1 minuto do SBT que apresenta conteúdos ultrapassados e sem capacidade de chamar a atenção do telespectador. O Faustão, tirando as tais vídeo-cassetadas, não passa daquilo, da mesmice de sempre com algumas excepções de um famoso ou outro querendo mostrar que sabe dançar. Augusto Liberato exagerou, ao demorar mais de 2h para entregar uma casa a uma família que sofreu um drama policial bem como, ainda exibindo a sua "Escolinha do Gugu", sem graça e sem noção do quão ridículo é imitar o antigo programa do eterno Chico Anysio.

 

Depois de tanta baboseira, o que mais me chamou a atenção foi o programa Domingo Espetacular também da Record, já a noite, que exibiu uma reportagem muito interessante sobre o drama de muitas famílias sem moradia na cidade de São Paulo. Trabalhadores, estudantes e muitas pessoas de bem que lutam pelo sonho de um teto em diversos locais abandonados na capital paulista. Excelente documentário, sensibilizou-me pelas dificuldades que os cidadãos enfrentam para viverem dignamente ou não com as suas famílias.

 

Porém, indignei-me com a estação do "Seu Edir" quando a seguir a este bonito trabalho jornalístico, apresentaram um especial sobre a família do apresentador Rodrigo Faro, que foi ao médico ver como está a saúde da sua terceira filha, ainda na barriga da mãe. Reportagem de muito mau gosto, agravada pelo fato do apresentador ser conhecido por possuir uma casa de sonho, sonho inalcançável pelos verdadeiros cidadãos brasileiros citados no documentário anterior.  Muitos minutos de antena para mostrar que o papai rico gravou cada passo da mulher no caminho para fazer a ultrassonografia morfológica, o mais básico dos exames para uma gestante.

 

Engasguei-me quando, após o documentário sobre a luta das famílias que buscam um teto para morar que, de acordo com a própria Record, foi realizado ao longo de 3 meses, o apresentador Paulo Henrique Amorim soltou a pérola: "Agora vamos falar de coisa boa!", para em seguida apresentar esta aberrante reportagem sobre a próxima cria do Rodrigo Faro. Vejam só o contraste... O côncavo e o convexo da realidade brasileira. Mais que uma VERGONHA, considerei uma AFRONTA ao cidadão de boa fé que foi exposto publicamente no documentário "Vidas sem lar" bem como aos jornalistas que tiveram a sensibilidade de ao longo de 3 meses, trabalharem em um drama tão complexo em que vivem milhares de verdadeiros cidadãos brasileiros.

 

Nota zero!