O vazio de uma criança
Posted: terça-feira, 6 de novembro de 2012 by Cláudio Canadá in
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Domingo passado, foi dia de visitar a igreja. Agradecimentos e novos pedidos ao Pai Celestial são constantes e não sei como Ele me aguenta. Aliás, visitar a Sua casa é coisa que devemos fazer constantemente, não apenas nos momentos de aflição. Neste último domingo, estive na Igreja de Fátima; não é o Santuário original da Cova da Iria em Portugal onde fui umas 10 vezes mas, faz-me lembrar daquele local sagrado para os católicos de todo o mundo.
Só que, neste domingo, não havendo lugar para sentar no interior da igreja, acomodei-me na mureta junto ao estacionamento para pelo menos, ouvir a palavra. Tudo transcorria na tranquilidade que o ambiente proporciona até que uma menina, morena, magrinha e com uma carinha de anjo, passou carregando um saco plástico cheio de garrafinhas d'água para vender. Uma lindinha com uns olhinhos clarinhos e com toda a inocência que uma infância permite.
Perguntei-lhe se a sacola pesava e a resposta foi prontamente expressa pelo balançar positivo da sua cabeça, com os cabelinhos compridos, encaracolados e molhados. Perguntei-lhe também quem tinha lhe dado todas aquelas garrafas para vender. A sua avó foi a responsável pela atribuição de vendedora àquela criança de 9 anos, sem infãncia, sem sonhos e sem perspectivas. Não, não estou sendo trágico com chavões tradicionais a respeito da exploração infantil e da problemática da cirança e do adolescente... Tudo isto tem explicação.
Conversando com aquela fofura de criança, aproveitei para lhe aguçar os sentidos para a vida, para os estudos e aquilo que ela estava perdendo em, vender água para a avó. Espantou-me a sua reação quando lhe incentivei a estudar: "Nãããããã... Quero não, quero é trabalhar!" Estas palavras ditas de forma doce e sincera estão a me martelar o cérebro até agora, indagando-me tristemente a respeito do futuro daquela criança. Uma menina de 9 anos, como muitas do Brasil que vivem uma realidade de um país que não respeita o momento mágico de ser criança na vida dos menos favorecidos. Criar leis brandas não basta, agir é essencial. Criança tem que brincar, estar na escola e ser feliz como criança.