A confusa Democracia
Posted: quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010 by Cláudio Canadá inNestes últimos dias as notícias em Portugal têm sido em volta do suposto desejo do Primeiro-ministro José Sócrates em "calar" um conceituado jornalista. Eu disse bem, SUPOSTO. É que, a cada dia que passa, aumentam as minhas dúvidas a respeito do significado da palavra DEMOCRACIA.
É confuso pois, ao lutarmos e exigirmos os nossos direitos a democracia, agirmos com a fúria típica da índole humana quando alguém supostamente ousa "barrar" estes direitos, como por exemplo o direito à livre expressão. É confuso pois, podermos de todas as formas usar este direito a favor do nosso descontentamento para podermos criticar, insultar e até difamar quem quer que seja; claro, temos o direito à livre expressão.
É confuso pois, acreditarmos que este direito só contempla uma pequena parcela da sociedade e pensarmos que temos mais direitos que alguns. É confuso pois, não aceitarmos que um Primeiro-ministro, que um piloto de avião, que um professor ou ainda que um mero escriturário não possa "falar mal" de alguém ou ter sequer uma opinião negativa sobre algo ou sobre alguém numa mesa de amigos ou num restaurante quando se pode falar até das coxas da vizinha.
Façam-me um desenho, explicando-me se a tal democracia só é válida para alguns poucos e porque o Primeiro-ministro não pode ter uma opinião formada sobre o trabalho de alguém. Eu não sei bem o que escreve o Sr. Mário Crespo (jornalista que supostamente foi criticado pelo Sócrates) mas acredito que num estado de direito democrático, eu, você, a minha mãe e o Zequinha da bodega, podemos ter a nossa opinião, mas nunca e jamais o Primeiro-ministro! Este último está supostamente proibido pelos críticos de não gostar de algo ou de alguém, seja lá do que e de quem for.