Os generosos donativos para a Madeira
Posted: segunda-feira, 19 de abril de 2010 by Cláudio Canadá inNeste último fim-de-semana, alguns órgãos da comunicação social em Portugal deram ênfase à presença do cantor Tony Carreira na ilha da Madeira, nomeadamente para visitar as áreas atingidas pelas chuvas e consequentes derrocadas. Mas, digam-me por favor, qual o objectivo da visita? Será que o homem armou-se em bombeiro voluntário ou pretende fazer uma doação àquela gente? É que, visita sem doação ou sem simplesmente por as mãos à obra não serve de nada. É que, fazer figura, até eu...
Falando em doação, alguns dos nossos colegas jornalistas e blogueiros, estiveram a fazer um levantamento sobre a campanha a favor das vítimas do temporal na Madeira através de chamadas telefónicas. A promoção era assim: Preço da chamada 0,60€ + IVA. São 0,72€ no total. Mas o donativo que deverá chegar (será que chega mesmo?) ao beneficiário madeirense é de apenas 0,50€.
Assim oferecemos 0,50€ a quem carece, mas cobram-nos 0,72€, mais 0,22€ ou seja 30 %. Aí vem a pergunta: Quem fica com esta diferença?
1º - A PT com 0,10€ (17 %) isto é a diferença dos 60 para os 50.
2º - O Estado 0,12€ (20 %) referente ao IVA sobre 0,60.
Agora vem a análise: Numa campanha de solidariedade, a aplicação de uma margem de lucro pela PT e da incidência do IVA pelo Estado são o retrato da baixeza moral a que tudo isto chegou. A RTP anunciou com expressa satisfação que o montante doado já ia nos 2.000.000 de euros. Esqueceu-se de dizer que os generosos pagaram mais 44 % ou seja mais 880.000 euros divididos entre a PT (400.000€ para a ajuda dos salários dos administradores) e o Estado (480.000€ para ajuda ao reequilíbrio das contas públicas e a todos aqueles que por lá andam).
A PT cobra comissão de 20 % num acto de solidariedade; o Estado faz incidir IVA sobre um produto da mais pura generosidade.
Conclusão: Em Portugal, miseravelmente, ser solidário é ser sinónimo de otário e estúpido!